Que uso você tem feito da sua autoridade aqui na terra?
EVANGELHO | SEDE PERFEITOS
Superiores e Inferiores – François-Nicolas-Madeleine, Cardeal Morlot, Paris, 1863,
p.345*
9- A autoridade, da mesma maneira
que a fortuna é uma delegação, de que se pedirá contas a quem dela foi
investido. Não creias que ela seja dada satisfazer ao fútil prazer do mando,
nem tampouco, segundo pensa falsamente a maioria dos poderosos da terra, como
um direito ou uma propriedade.
Deus, aliás, tem demonstrado
suficientemente que ela não é nem uma, nem outra coisa, desde que a retira
quando bem lhe apraz. Se fosse um privilégio inerente à pessoa que a exerce,
seria inalienável. Ninguém pode dizer, entretanto, que uma coisa lhe pertence,
quando pode ser tirada sem o seu consentimento. Deus concede autoridade a
título de missão ou de prova, conforme lhe convém, e da mesma forma a retira.
- O depositário da autoridade, de
qualquer extensão que esta seja, desde a do senhor
sobre o escravo até a do soberano sobre o povo, não deve esquivar-se à
responsabilidade de um encarregado de almas, pois responderá pela boa ou má
orientação que der aos seus subordinados, e as faltas que estes puderem cometer;
os vícios a que forem arrastados em consequência dessa orientação ou dos maus exemplos recebidos, recairão
sobre ele.
Da mesma maneira, colherá os
frutos de sua solicitude, por conduzi-los ao bem. Todo homem tem, sobre a
Terra, uma pequena ou uma grande missão. Qualquer que ela seja, sempre lhe é
dada para o bem. Desviá-la, pois, do seu sentido, é fracassar no seu
cumprimento.
- Se Deus pergunta ao rico: Que
fizeste da fortuna que devia ser em tuas mãos uma fonte espalhando a
fecundidade em seu redor? Também perguntará ao que possui alguma autoridade:
Que uso fizeste dessa autoridade? Que males impediste? Que progresso
impulsionaste? Se te dei subordinados, não foi para torná-los escravoss da tua
vontade, nem dóceis instrumentos dos teus caprichos e da tua cupidez; se te fiz
forte e te confiei os fracos, foi para que os amparasses e os ajudasses a subir
até mim.
- O superior que guardou as
palavras do Cristo, não despreza a nenhum dos seus subordinados, porque sabe
que as distinções sociais não subsistem diante de Deus. O Espiritismo lhe
ensina que, se eles hoje o obedecem, na verdade já podem tê-lo dirigido, ou
poderão dirigi-lo mais tarde, e que então será tratado como por sua vez os
tratou.
- Se o superior tem deveres a
cumprir, o inferior também os tem de sua parte, e não são menos sagrados. Se
também este é espírita, sua consciência lhe dirá, ainda mais fortemente, que
não está dispensado de cumpri-los, mesmo que o seu chefe não cumpra os dele,
porque sabe que não deve pagar o mal com o mal, e que as faltas de uns não
autorizam as de outros.
Se sofre na sua posição, dirá que
sem dúvida o mereceu, porque ele mesmo talvez tenha abusado outrora de sua
autoridade, devendo agora sentir os inconvenientes do que fez os outros
sofrerem. Se for obrigado a suportar essas posições, na falta de outra melhor,
o Espiritismo lhe ensina a resignar-se a isso, como a uma prova a sua
humildade, necessária ao seu adiantamento.
Sua crença o guia na sua conduta:
ele age como desejaria que os seus subordinados agissem com ele, caso fosse o
chefe. Por isso mesmo é mais escrupuloso no cumprimento das obrigações, pois
compreende que toda negligência no trabalho que lhe foi confiado será um
prejuízo para aquele que o remunera, e a quem deve o seu tempo e os seus
cuidados.
Numa palavra, ele é guiado pelo
sentimento do dever que a sua fé lhe infunde, e a certeza de que todo desvio do
caminho reto será uma dívida, que terá de pagar mais cedo ou mais tarde.
Projeto Luz – Refletindo a paz
Pensamentos, Palavras e Ações
Contato
KARDEC, Allan – Evangelho segundo o
Espiritismo. Sede Perfeitos , Capítulo XVII, tradução de José Herculano
Pires (*online).
____. Evangelho segundo o Espiritismo. Sede Perfeitos, Capítulo XVII, tradução de Evandro Noleto
Bezerra, p. 333.
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