Pagar o Mal com o Bem
PAGAR O MAL COM O BEM - 1ª.
parte
Pensamentos, Palavras e Ações
1 – Tendes ouvido o que foi
dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo. Mas eu vos digo: Amai
os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia, e orai pelos que vos perseguem
e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz
nascer o seu o seu sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos.
Porque, se não amardes senão aos que vos amam, que recompensa haveis de ter?
Não fazem os publicanos também assim? E se saudardes somente aos vossos irmãos,
que fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? – Eu vos digo
que, se a vossa justiça não for maior e mais perfeita que a dos escribas e fariseus,
não entrareis no Reino dos Céus. (Mateus, V: 20, 43-47).
(...)
3- Se o amor do próximo é o
princípio da caridade, amar aos inimigos é a sua aplicação sublime, porque essa
virtude constitui uma das maiores vitórias conquistadas sobre o egoísmo e o
orgulho.
Não obstante, geralmente nos
equivocamos quanto ao sentido da palavra amor,
aplicada a esta circunstância. Jesus não pretendia, ao dizer essas palavras,
que se deve ter pelo inimigo a mesma ternura que se tem por um irmão ou por um
amigo. A ternura pressupõe confiança. Ora, não se pode ter confiança naquele
que se sabe que nos quer mal. Não se pode ter para com ele as efusões da
amizade, desde que se sabe que é capaz de abusar delas. Entre pessoas que
desconfiam umas das outras, não pode haver os impulsos de simpatia existentes
entre aquelas que comungam nos mesmos pensamentos. Não se pode, enfim, ter a
mesma satisfação ao encontrar um inimigo, que se tem com um amigo.
Esse sentimento, por outro lado,
resulta de uma lei física: a da assimilação e repulsão dos fluidos. O
pensamento malévolo emite uma corrente fluídica que causa penosa impressão; o
pensamento benévolo envolve-nos num eflúvio agradável. Daí a diferença de
sensações que se experimenta, à aproximação de um inimigo ou de um amigo. Amar
aos inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença
entre eles e os amigos. Este preceito parece difícil, e até mesmo impossível de
se praticar, porque falsamente supomos que ele prescreve darmos a uns e a
outros o mesmo lugar no coração. Se a pobreza das línguas humanas nos obriga a
usarmos a mesma palavra, para exprimir formas diversas de sentimentos, a razão
deve fazer as diferenças necessárias, segundo os casos.
Amar aos inimigos, não é, pois,
ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o contato de um inimigo
faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que o de um amigo. Mas é
não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente,
pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo à reconciliação. É
desejar-lhes o bem em vez do mal. É alegrar-nos em lugar de aborrecer-nos com o
bem que os atinge. É estender-lhes a mão prestativa em caso de necessidade. É
abster-nos, por atos e palavras,
de tudo o que possa prejudicá-los. É, enfim, pagar-lhes em tudo o mal com o
bem, sem a intenção de humilhá-los.
Todo aquele que assim fizer, cumpre as condições do mandamento: Amai aos vossos inimigos.
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O Evangelho Segundo o Espiritismo
Por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires - Capítulo 12 – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
Por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires - Capítulo 12 – AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
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