AMAI OS VOSSOS INIMIGOS
PAGAR O MAL COM O BEM – 2ª.
parte
Pensamentos, Palavras e Ações
(...)
2 – E se vós amais somente
aos que vos amam, que merecimento é o que vós tereis? Pois os pecadores
também amam os que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que
merecimento é o que vós tereis? Porque isto mesmo fazem também os pecadores. E
se emprestardes somente àqueles de quem esperais receber, que merecimento é o
que vós tereis? Porque também os pecadores emprestam uns aos outros, para que
se lhes faça outro tanto. Amai, pois, os vossos inimigos, façam bem, e
emprestai, sem nada esperar, e tereis muito avultada recompensa, e sereis filhos
do Altíssimo, que faz bem aos mesmos que lhe são ingratos e maus. Sede, pois,
misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. (Lucas, VI: 32-36).
(...)
4 –
Amar aos inimigos é um absurdo para os incrédulos. Aquele para quem a vida
presente é tudo, só vê no seu inimigo uma criatura perniciosa, a perturbar-lhe
o sossego, e do qual somente a morte o pode libertar. Daí o desejo de vingança.
Não há nenhum interesse em perdoar, a menos que seja para satisfazer o seu
orgulho aos olhos do mundo. Perdoar, até mesmo lhe parece, em certos casos, uma
fraqueza indigna da sua personalidade. Se não se vinga, pois, nem por isso
deixa de guardar rancor e um secreto desejo de fazer o mal.
Para o crente, e mais ainda para o espírita, a maneira
de ver é inteiramente diversa, porque ele dirige o seu olhar para o passado e o
futuro, entre os quais, a vida presente é um momento apenas. Sabe que, pela
própria destinação da Terra, nela devem encontrar homens maus e perversos; que
as maldades a que está exposto fazem parte das provas que deve sofrer.
O ponto
de vista em que se coloca torna-lhe as vicissitudes menos amargas, quer venham
dos homens ou das coisas. Se não se queixa das provas, não deve queixar-se
também dos que lhe servem de instrumentos. Se, em lugar de lamentar,
agradece a Deus por experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe
oferece a ocasião de mostrar a sua paciência e a sua resignação.
Esse
pensamento o dispõe naturalmente ao perdão. Ele sente, aliás, que quanto mais
generoso for, mais se engrandece aos próprios olhos e mais longe se encontra do
alcance dos dardos do seu inimigo.
O homem que ocupa no mundo uma posição elevada não se
considera ofendido pelos insultos daquele que olha como seu inferior. Assim
acontece com aquele que se eleva, no mundo moral, acima da humanidade material.
Compreende que o ódio e o rancor o envileceriam e rebaixariam, pois, para ser
superior ao seu adversário, deve ter a alma mais nobre, maior e mais generosa.
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Por ALLAN KARDEC – tradução de José
Herculano Pires - Capítulo 12 – AMAI OS VOSSOS
INIMIGOS
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